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O simbolismo das correntes na cultura hip‑hop

correntes na cultura hip-hop

O simbolismo das correntes no hip-hop nasceu como meio de expressão de pessoas negras, de baixa renda, oprimidas e que estavam na base da hierarquia social. Então, quando alguns artistas saíram desse cenário precário e enriqueceram por meio da música, ostentar a sua riqueza passou a fazer parte do movimento, principalmente a exibindo com correntes de ouro ou prata ao redor do pescoço.

Correntes na cultura hip-hop: conheça a história

O primeiro ritmo a formar pretos ricos


A popularização das correntes no hip-hop, sejam de ouro ou prata, ganharam força com nomes como Notorious Big, Tupac, Run‑D.M.C, Jay‑Z, Snoop Dogg e Kanye West e se mantém na cultura do hip‑hop como peça essencial de artistas como Quavo, Travis Scott, A$AP, Djonga, Baco Exu do Blues e L7nnon.

Desde o início por ouro e prata


Para entender a razão das correntes no hip-hop serem tão populares entre os artistas e o seu público, precisamos resgatar a origem do estilo musical voltando para as suas raízes na década de 1970, com o DJ Kool Herc, criador do breakbeat e um dos fundadores do hip‑hop. No cenário ele é considerado o primeiro nome a usar uma corrente de ouro nas festas que organizava no Bronx, em Nova Iorque, se destacando entre a multidão pelo acessório.

Não é conto nem fábula, lenda ou mito


A história continua com Kurtis Blow ‑ um dos primeiros artistas de hip‑hop ‑ reforçando as correntes na cena usando somente elas na capa de seu álbum de estreia em 1980. Mas até esse momento as correntes ainda eram mais finas, ganhando novas dimensões e significados a partir do final desta década, mais especificamente com o grupo Run‑DMC, que as tornou parte essencial de seus looks, junto com os Adidas nos pés, chapéus na cabeça e as jaquetas de couro.

A sociedade vende Jesus, por que não ia vender rap?


O hip‑hop deu os seus primeiros passos rumo à indústria no final dos anos 1980 e em 1990 ele já poderia ser considerado um maratonista no cenário musical. A comercialização do gênero que inicialmente cantava sobre a pobreza e violência nas periferias gerou riqueza para os artistas e cada vez mais joias foram incorporadas ao estilo deles, como anéis em todos os dedos e o grillz nos dentes. E aqui as correntes no hip-hop ganham um novo capítulo e significado graças a Notorious BIG e sua corrente de Jesus.

Vejo o dólar e vários quilates


A última corrente usada por Notorious BIG ‑ um dos maiores rappers de todos os tempos ‑ antes de sua morte trágica foi a Jesus Piece, a tornando um dos itens de joalheria mais icônico e marcante da cultura do hip‑hop. A peça ficou conhecida como um amuleto da sorte e já foi usada por Jay‑z e Lil Kim enquanto criavam os seus álbuns no estúdio.

Jovem, negro e rico, isso é perigoso


O culto em torno da Jesus Piece segue com correntes no mesmo molde da de Notorious BIG sendo encomendadas em joalherias por nomes como Kanye West, Big Sean, A$AP Rocky, Travis Scott e Kid Cudi, mostrando que dos anos 2000 em diante a corrente ‑ seja de ouro, de prata, cravejada com diamantes ou com o rosto de Jesus pendurado ‑ já não era mais um mero acessório no hip‑hop, mas sim um símbolo de escapismo da violência dos guetos e uma forma de mostrar conquistas sociais em meio a um sistema que sempre oprimiu a comunidade negra.

Um rapper gringo embrasar no plim plim


A nível Brasil, bebemos muito da fonte gringa e as correntes no hip-hop também são usadas como afirmação de ascensão social e troféu pela trajetória e resistência dos cantores. Entre os nossos, a tendência é ter uma corrente com o seu nome ou com o nome de sua quebrada. Outro diferencial é que no funk ostentação, por exemplo, os cantores primeiro cantam sobre riqueza, mesmo sem tê‑la alcançado, e só depois do sucesso têm acesso a ela.

Agora eu quero o mundo igual Cidadão Kane


A ligação entre o hip‑hop e o uso das correntes pelos artistas do meio e o seu público é um símbolo de resistência carregado de histórias. O estilo musical nasceu e se concretizou graças a pessoas que nunca pensaram que um dia poderiam carregar ouro em seus pescoços, sendo um acessório que representa a fuga de um universo marginalizado e uma espécie de troféu.

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