FEITO POR PRETO

Resgatando e registrando a moda feita por nós

Ark company de Cesar MC

No dia 8 de setembro de 2021 o rapper Cesar MC (@cesarmc027) lançou seu primeiro álbum: “Dai a Cesar o que é de Cesar”. Na data, o título se tornou o assunto mais comentado nas redes sociais, com cerca de 18 mil menções só no Twitter. O projeto conta com parcerias de Emicida e Djonga e tem, em seus detalhes, inserções da marca de roupas de Cesar, a Ark Company (@arkcompanybr).


Um álbum sob medida

“Dai a Cesar o que é de Cesar” é um projeto de parceria com a Pineapple Storm e a Ark Company, marca de roupas do Cesar MC, fundada em 2018. Nas próprias palavras do rapper, a Ark Company tem a missão de fincar a bandeira da favela no streetwear. Assim, ao lançar seu primeiro álbum falando de desigualdades sociais, racismo e religião, Cesar inseriu sua marca neste trabalho de maneira sutil, unindo moda e música para amplificar sua mensagem.

Visto, logo rimo

Para Cesar, relacionar itens de vestuário ao rap começou muito antes da Ark Company. Em entrevista, o rapper já contou a história de seu boné da sorte, usado por seu pai enquanto trabalhava com reciclagem. Para o capixaba, esse boné o lembrava que precisava levar o rap a sério, pois seus pais ralavam para fazer de tudo por sua criação. Assim, o boné até hoje usado por Cesar e citado na música “Eu precisava voltar com a Folhinha”, foi o começo do elo de sua jornada no rap e na moda. No clipe desta música, Cesar também se apresenta com uma camiseta da Ark Company.

Quem vê preto não vê hype

Na faixa “Neguin”, com participação de Djonga, os versos dos rappers relatam as vivências dos que foram desacreditados a conquistarem qualquer coisa na vida devido a sua cor de pele. O verso abaixo, em especial, traz à tona o questionamento de ver pretos bem vestidos e no hype, seja de Nike ou blusa da Ark.

Vestindo a camisa

Ainda na faixa “Neguin”, a participação de Djonga vai além da letra retratando situações cotidianas de racismo. Nela, os dois rappers também aparecem com camisetas da Ark Company.

Fogo no Coliseu

No videoclipe de “Dai a Cesar o que é de Cesar”, que até o momento carrega o maior número de visualizações do álbum no Youtube, o rapper incluiu a Ark Company em seus dançarinos e atores, além de queimar a camiseta da marca com a estampa do Coliseu.

Um passinho no pé e uma Ark no peito

Vestir seus dançarinos com peças da Ark Company também foi uma estratégia usada no clipe de “O boompap não morre”, no qual a Chest Bag da marca é destacada.

Papo reto

Na data de estreia do álbum, Cesar MC também participou de uma conversa no podcast Podepá, mais uma vez trajado de Ark Company. Por lá, o rapper contou sobre a sua história, suas inspirações, divulgou seu lançamento e falou sobre as recentes parcerias, como a com o Emicida, que pode ser conferida neste trecho.

Deixa acontecer

E falando em Emicida, recentemente Cesar publicou uma foto de 2018 ao lado do rapper paulista, no Lab Fantasma. Ali ele já usava e divulgava uma das primeiras peças da Ark Company. Na legenda, Cesar comemora o acontecimento da parceria entre os dois. Hoje, Emicida é um dos participantes do “Dai a Cesar o que é de Cesar” e da Ark Company.

Não era só mais um neguin

Cesar MC constrói hoje seu nome no rap e não deixa de pensar na cultura periférica em geral. É o que ele mostra com a Ark, afinal, ser um homem preto e favelado criando moda no cenário atual é revolucionário, principalmente em relação ao streetwear.

O estilo nasceu da favela e da cultura negra, mas foi destrinchado de suas raízes pela elite da moda e embranquecido para atingir o hype atual. É como resume Cesar MC em um dos seus versos: “O hype é quase um abuso, nossa cultura no topo e nós ainda é intruso.”

À periferia o que é da periferia

Resgatar o streetwear e o levar para aonde ele começou faz parte de recuperar a autoestima da população periférica, geralmente rejeitada quando o assunto é a moda, bem como vimos recentemente no caso Lacoste. Essa recuperação de autoestima já teve bons resultados com o rap, o funk, o trap e, aos poucos, tem tido com a moda, com projetos como a Ark Company, que estampa o orgulho da favela no peito.

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