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Código racista da Zara sempre esteve acionado

Investigação policial descobriu que em uma loja da Zara um código secreto, o Zara zerou, era usado quando pessoas negras entravam. Mas práticas racistas nunca foram segredo quando falamos nesta loja, afinal, a varejista só existe graças à exploração de corpos não‑brancos.

As definições de racismo foram atualizadas

“Zara zerou” era o código secreto que funcionários da Zara usavam entre si para se alertarem e seguirem pessoas negras ou com roupas simples que entrassem na loja do Shopping Iguatemi, em Fortaleza. A investigação da Polícia Civil do Ceará descobriu este código após a delegada Ana Paula Barroso, uma mulher negra, ser proibida de entrar na loja. Ela afirma ter sofrido discriminação racial por parte do gerente Bruno Felipe Simões.

Negando as aparências e disfarçando as evidências

Ana tentou entrar na Zara tomando sorvete e com a máscara no pescoço. Segundo o gerente Bruno, ele a barrou por esse fato. Entretanto, a investigação provou que no dia 14 de setembro de 2021, data em que Ana foi barrada, clientes brancas circulavam dentro da loja sem máscaras, as usando de forma errada e inclusive sendo atendidas pelo gerente que proibiu a entrada da delegada. Confira no vídeo:

Racismo: a grande tendência da Zara

Em sua monografia sobre a Zara, a pesquisadora Danielly Sara Andreis nos mapeia como a maior varejista da atualidade explana seu racismo sem códigos secretos como o Zara Zerou desde sua fundação. Tudo começa com o fato da loja estar inserida na lógica capitalista, um sistema que desde seu surgimento até seu desenvolvimento é racista e exploratório. Isso se intensifica ainda mais quando a Zara é definida como a pioneira do fast fashion.

Nunca foi trabalho, sempre foi exploração

O modelo de negócio fast fashion é marcado pela exploração de trabalhadores, para assim conseguir produzir grande uma quantidade de roupas e as entregar a preços baixos nas lojas. Ou seja: trabalho análogo à escravidão, no qual a Zara já foi pega praticando pelo menos quatro vezes em países que ainda sofrem das desigualdades resultantes da colonização, como Bolívia, Peru e Uruguai.

Estamos há 0 dias sem práticas de racismo

Danielly ainda apresenta em sua pesquisa que a Zara se mantém até hoje se beneficiando do trabalho exploratório dessas populações, principalmente de imigrantes e refugiados do Sul Global. Ela também aponta que na loja, as atividades mais penosas e com os menores salários são repassadas aos países subdesenvolvidos citados acima, enquanto as tarefas mais bem pagas e administrativas ficam a cargo de europeus. Um eterno Zara Zerou.

Se quiser falar de racismo, fale com a Zara

O capitalismo, fast fashion como modelo de negócio e a exploração da mão de obra de trabalhadores de países colonizados e subdesenvolvidos sempre esteve diante de nossos olhos, sem códigos secretos como o Zara Zerou, nos mostrando que esta loja ‑ e todas as redes de fast fashion ‑ nasceram e cresceram em cima de sistemas racistas. À essas marcas, corpos negros, não‑brancos e pobres só interessam se for para manter sua exploração e acelerar sua produção e venda à elite branca. Fora isso, zerou o interesse e a permanência dessas pessoas em suas lojas. Aí é hora de ativarem seus códigos.

zara zerou
Foto: Fatos ao Alvo

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